Gestão de Contábil
A gestão contábil no setor agropecuário é fundamental para a organização e sustentabilidade das atividades rurais, que possuem características específicas, como a sazonalidade das operações, dependência de fatores climáticos e oscilações nos preços de commodities.
- Ativo Biológico: O setor agropecuário envolve o reconhecimento e a mensuração de ativos biológicos, como plantações, rebanhos e florestas, que sofrem alterações no seu valor ao longo do tempo.
- Custo de Produção: É essencial calcular corretamente os custos, incluindo insumos, mão de obra, energia, depreciação de maquinários e outros gastos associados à produção agrícola ou pecuária.
- Receita Sazonal: O fluxo de receitas varia de acordo com o ciclo produtivo (exemplo: colheita de soja, safra de uvas), exigindo planejamento financeiro estratégico.
Gestão por Regime de Caixa
- O regime de caixa reconhece receitas e despesas no momento em que o dinheiro é efetivamente recebido ou pago.
- Simplicidade Operacional: Fácil de implementar, ideal para pequenos produtores.
- Controle de Fluxo de Caixa: Permite acompanhar a liquidez do negócio em tempo real.
- Adequação à Sazonalidade: Considera os períodos em que há maior ou menor entrada de recursos.
- Não reflete compromissos futuros.
- Dificuldade em medir a real lucratividade de safras ou ciclos longos.
Gestão por Regime de Competência
- No regime de competência, receitas e despesas são registradas no momento em que ocorrem, independentemente do pagamento ou recebimento.
- Análise Econômica Realista: Mede com precisão o desempenho financeiro de safras ou atividades.
- Planejamento Estratégico: Permite projeções mais confiáveis, considerando compromissos futuros.
- Atendimento à Legislação: Obrigatório para empresas rurais de médio e grande porte.
- Exige maior controle contábil.
- Pode apresentar lucros ou prejuízos “não realizados”, dificultando a análise do caixa.
Gestão de Receitas/Custo
- Custos Diretos:
- Insumos (sementes, defensivos, fertilizantes).
- Mão de obra diretamente envolvida na produção.
- Combustível e manutenção de máquinas em operação.
- Custos Indiretos:
- Depreciação de equipamentos.
- Energia elétrica para irrigação.
- Despesas administrativas e financeiras.
- Custos Fixos:
- Gastos que não variam com o volume produzido (aluguel, salários administrativos).
- Custos Variáveis:
- Dependem diretamente da produção (adubação, transporte, colheita).
- Custeio por Absorção:
- Aloca todos os custos diretos e indiretos à produção.
- Exemplo: Custo do hectare plantado.
- Custeio Variável:
- Considera apenas os custos variáveis.
- Útil para decisões de curto prazo, como priorizar uma safra específica.
- Custeio ABC (Baseado em Atividades):
- Analisa custos associados a atividades específicas.
- Exemplo: Identificar o custo de pulverização ou irrigação.
Integração de Caixa e Competência
O Registro de Atividades Agrícolas é uma ferramenta fundamental para o acompanhamento, controle e análise das operações realizadas na lavoura. Ele permite ao produtor rural documentar as práticas agrícolas, monitorar o uso de recursos e tomar decisões mais informadas para melhorar a produtividade e a sustentabilidade.
- Planejamento Financeiro Integrado:
- Combine o fluxo de caixa com o regime de competência para prever impactos futuros no negócio.
- Fluxo de caixa mostra receitas por cultura mês a mês e gastos ao longo do ano.
- Gestão de Fluxo de Caixa:
- Use o regime de caixa para monitorar a liquidez e garantir pagamentos em dia.
- Análise de Rentabilidade:
- Utilize o regime de competência para calcular a rentabilidade real por safra, ciclo pecuário ou atividade.
- Acompanhamento de Indicadores de Custos:
- Controle custos por hectare, por cabeça de gado ou por tonelada produzida para identificar gargalos e otimizar recursos.
- Os custos da produção por cultura e da criação de gado são reconhecidos no período em que ocorrem, independentemente do pagamento.
- Apuração de custo por hectare de soja e por cabeça de gado para medir a rentabilidade de cada atividade.
Orçamento Contábil
O orçamento contábil no agronegócio é uma ferramenta fundamental para planejar, controlar e projetar os recursos financeiros, materiais e humanos necessários para a execução das atividades agropecuárias. Ele permite que gestores antecipem desafios financeiros e tomem decisões baseadas em dados sólidos, alinhando estratégias produtivas às metas econômicas do negócio.
- Situação Atual
- Levantamento dos dados financeiros e operacionais:
Receita das safras e atividades pecuárias. - Custos e despesas históricas.
- Estoques de insumos, produtos e subprodutos.
- Levantamento dos dados financeiros e operacionais:
- Objetivos
- Estabelecer metas para:
Produção (ex.: hectares plantados, arrobas produzidas). - Receita esperada.
- Custos máximos por atividade.
- Estabelecer metas para:
- Estruturação
- O orçamento deve contemplar:
- Orçamento Operacional: Custos diretos e indiretos das atividades agropecuárias.
- Orçamento de Investimentos: Recursos destinados à aquisição de máquinas, implementos e benfeitorias.
- Orçamento de Receita: Previsão de vendas de safras, gado, leite e subprodutos.
- Orçamento de Custos e Despesas: Planejamento de gastos com insumos, mão de obra, manutenção e financiamentos.
- O orçamento deve contemplar:
- Projeções
- Elaborar projeções de fluxo de caixa considerando:
- Regime de caixa e regime de competência.
- Períodos de maior e menor liquidez (sazonalidade).
- Elaborar projeções de fluxo de caixa considerando:
- Monitoramento
- Comparar os valores realizados com os orçados mensalmente.
- Revisar o orçamento para ajustar imprevistos, como variações climáticas ou mudanças de preços.
Depreciação de Bens Imobilizado
A depreciação de bens imobilizados no agronegócio envolve o processo contábil que reconhece, ao longo do tempo, a perda de valor dos ativos físicos (máquinas, equipamentos, veículos, benfeitorias) usados nas operações agropecuárias. Esses bens são essenciais para a produção e exigem um acompanhamento preciso, visto que o seu valor diminui à medida que são utilizados ou envelhecem.
Depreciação Linear: A depreciação é calculada de forma uniforme ao longo da vida útil do bem. Este é o método mais simples e amplamente utilizado.
- Bens imobilizados: são aqueles que têm vida útil superior a um ano e são utilizados nas atividades produtivas do agronegócio. No setor agropecuário, esses bens incluem:
- Máquinas e Equipamentos: Tratores, colheitadeiras, plantadeiras, implementos agrícolas.
- Infraestrutura: Armazéns, galpões, silos, currais, cercas.
- Veículos: Caminhões, caminhonetes, tratores de transporte.
- Benfeitorias: Instalações de irrigação, sistemas de drenagem, cercas, galpões.
- Custo Real:
- Refletir o custo real dos bens imobilizados ao longo de sua vida útil, distribuindo o valor inicial ao longo do tempo.
- Apuração de Custos:
- Calcular corretamente os custos de produção ao incluir a depreciação como despesa operacional.
- Planejamento Tributário:
- A depreciação reduz o lucro tributável e, portanto, o valor de impostos a pagar. É uma despesa dedutível para fins fiscais.
- Investimentos:
- A depreciação ajuda a planejar a substituição de bens imobilizados e avaliar a necessidade de novos investimentos.
Consultas/Relatórios
Os relatórios e demonstrativos contábeis são essenciais para a gestão financeira e tomada de decisões no setor agropecuário. Eles ajudam a monitorar o desempenho econômico e financeiro, avaliar a rentabilidade das operações e garantir a conformidade com as obrigações fiscais. Abaixo estão os principais relatórios e demonstrativos contábeis utilizados no setor agro.
- Relatório de Custos de Produção:
- Esse relatório detalha os custos de produção associados à safra ou criação de animais, sendo essencial para analisar a rentabilidade das atividades agropecuárias.
- Custos Variáveis: Como custos com sementes, fertilizantes, rações, combustíveis, etc.
- Custos Fixos: Despesas como salários, aluguel de terras, custos com depreciação de máquinas e equipamentos.
- Custos Diretos e Indiretos: Identificação dos custos diretamente atribuíveis à produção e os custos indiretos (gerenciais, administrativos).
- Esse relatório detalha os custos de produção associados à safra ou criação de animais, sendo essencial para analisar a rentabilidade das atividades agropecuárias.
- Modelo de Estrutura de Demonstrativos Contábeis
- Os demonstrativos contábeis são relatórios financeiros que apresentam a situação patrimonial e financeira de uma empresa.
- Pode ser estruturado de acordo a necessidade do usuário.
- Balanço Patrimonial
- É uma das principais demonstrações financeiras e apresenta a posição financeira da empresa no final de um período. Ele é dividido em Ativos, Passivos e Patrimônio Líquido, e fornece uma visão clara dos recursos que a empresa possui e das obrigações que precisa cumprir.
- A Demonstração de Resultados do Exercício (DRE):
- É um relatório fundamental que mostra o desempenho econômico da empresa no período, detalhando todas as receitas, custos e despesas.
- Receitas Operacionais: Como a receita com a venda de produtos agrícolas (grãos, leite, carne, etc.), serviços prestados (se houver).
- Custos das Mercadorias Vendidas (CMV): Custos diretos com a produção (insumos, mão de obra direta, etc.).
- Despesas Operacionais: Despesas com vendas, administrativas, marketing, etc.
- Resultado Operacional: O lucro operacional antes de impostos.
- Resultado Antes do Imposto de Renda (IR): Considera todas as receitas e despesas não operacionais, como ganhos e perdas financeiras.
- Lucro ou Prejuízo Líquido: O lucro final após impostos, que reflete a rentabilidade da empresa.
- Fluxo de Caixa
- É uma demonstração que detalha as entradas e saídas de dinheiro da empresa em um período. Ele é crucial para a gestão da liquidez, mostrando se a empresa possui dinheiro suficiente para honrar suas obrigações.
- Balancete:
- O balancete contábil é dividido em contas de ativo, passivo, patrimônio líquido, receitas e despesas, de acordo com o plano de contas utilizado pela empresa. O objetivo principal do balancete é garantir que o total dos débitos seja igual ao total dos créditos, mantendo a equação contábil (Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido).
- Razão:
- Registra todas as movimentações de uma conta específica de forma resumida, mostrando os saldos das contas de débito e crédito, além do saldo acumulado.
- Diário:
- Registra as transações de forma cronológica, isto é, na ordem em que acontecem, indicando as contas envolvidas e os valores debitados e creditados.